quinta-feira, novembro 01, 2007

O IRAQUE É AQUI? Reflexões sobre o Etnocentrismo Evangélico Brasileiro


O etnocentrismo é a crença (geralmente equivocada) de que minha cultura é preferível às demais. Isto não se dá somente em relação a países, pois muitas vezes mesmo entre os estados de uma mesma nação existe uma disputa etnocêntrica exacerbada. Meses atrás, quando alguns jovens de nossa igreja estavam preparando-se para um projeto evangelístico no Rio de Janeiro, alguns pais temiam autorizar a participação de seus filhos e filhas porque “o Rio é muito perigoso”.

O mesmo acontece quando o tema é o envio de missionários a países ou continentes geralmente vistos como perigosos. “Enviar o meu filho para a África? De jeito nenhum!” E se o país em questão porventura for algum país árabe, aí sim é dificílimo manter um diálogo sensato.

É bem possível que essas reações sejam nada mais do que as típicas reações etnocêntricas, pois, muitas vezes, tudo depende do ponto de vista.

Alguns dias atrás meu filho Filipe me recomendou a leitura de um artigo publicado no jornal britânico “The Guardian”. No meio de várias afirmações positivas sobre a atual situação econômica do nosso país, o jornalista Conor Foley menciou que “com uma media de 45 mil assassinatos anuais, não seria exagero afirmar que o Brasil está à beira de uma guerra civil social"[1]. Minha primeira reação, obviamente, foi de desacordo. Será que foi o meu etnocentrismo em ação?

Lendo a edição de 31 de Outubro de 2007 da revista Veja, deparei-me com um artigo do controvertido Diogo Mainardi em que ele afirma que “no Iraque é melhor [do que no Brasil]”. Para chegar a essa conclusão, ele se utilizou de uma informação simples e objetiva: se em 2006 foram cometidos quase 45 mil assassinatos no Brasil (uma média de 3750 mortes por mês), no Iraque (que há vários anos está vivendo uma guerra sangrenta), “apenas” 18.655 morreram como conseqüência da violência que assola o país (aproximadamente 1.555 por mês). E, para complicar ainda mais a comparação, no mês de outubro de 2007 o índice de mortes violentas no Iraque caiu para, aproximadamente, 600 por mês, enquanto no Brasil não houve, no mesmo período, mudanças significativas. Quer dizer, atualmente ocorrem mensalmente aproximadamente 3750 mortes violentas no Brasil (que supostamente não está em guerra), contra 600 no Iraque (que SIM está em guerra).

Considerando as estatísticas acima, se um amigo iraquiano nos escutasse dizendo que o Iraque é aqui, pode ser que ele se sentisse extremamente ofendido! Mesmo sabendo que todos temos algo de etnocêntrico, possivelmente não poderíamos recriminá-lo.

Deixemos que a voz de Deus, e não nosso etnocentrismo, tenha a última palavra sobre onde nossos filhos e filhas estarão cumprindo o propósito de Deus para suas vidas.


Marcos Amado

[1] (http://commentisfree.guardian.co.uk/conor_foley/2007/08/bucking_the_trend_1.html).

sábado, maio 12, 2007

A VISITA DO "SANTO PADRE" AO BRASIL

Confesso que tinha outros planos para esta manhã. No entanto, ao ver as manchetes dos principais jornais de São Paulo, não resisti e resolvi escrever este texto.


Antes de ir ao tema principal, quero fazer algumas afirmações importantes para não ser mal interpretado (mesmo tendo pouca esperança de que não serei mal interpretado...) :


  1. Sou cristão evangélico. Pertenço a uma daquelas denominações que o Papa Bento XVI insiste em classificar como seita e cujas atividades "proselitistas" estão trazendo tanta preocupação à ele.

  2. Conseqüentemente, não subscrevo a algumas das principais doutrinas da igreja Católica Apostólica Romana. Não vejo que, biblicamente, possamos, para citar apenas alguns exemplos, defender a salvação através das obras, a adoração de imagens, a posição tão elevada que os católicos romanos dão à Maria e aos “santos”, colocando-os como intercessores entre os homens e Deus. Também não creio na doutrina da transubstanciação, nem posso compreender como a igreja católica é tão leniente com o sincretismo (que ocorre no Brasil e em muitas outras partes do mundo) entre o catolicismo, as religiões de origem africana e o espiritismo.


No entanto (e aqui vem o meu ponto central), também não posso deixar de dizer que Bento XVI tem sido muito corajoso nas suas declarações públicas, e está defendendo alguns valores claramente cristãos que nós, os evangélicos, com freqüência evitamos proclamar de forma franca e objetiva. A esta altura da sua viagem ele já falou sobre:


  1. A santidade da vida, num claro posicionamento contra o aborto;

  2. A importância de “formar nas classes políticas e empresariais um autêntico espírito de veracidade e honestidade”;

  3. A forte e inaceitável desigualdade social reinante no Brasil;

  4. A necessidade de evitar que “a ferida do divórcio e das uniões livres” continue alastrando-se;

  5. A necessidade de “dizer não à mídia que ridiculariza a virgindade” e a santidade do casamento (eu escutei quando ele disse isto justamente através da Rede Globo!!).


Da perspectiva cristã evangélica é uma pena que, neste momento, o Papa está em Aparecida do Norte, o que certamente dará um grande incentivo à mariolatria (ou, como os católicos preferem dizer, “veneração” à Maria). No entanto, espero que este e outros pontos de desacordo entre protestantes e católicos, não nos impeçam ver os aspectos positivos da mensagem que Bento XVI está trazendo ao Brasil. Ao fim e ao cabo, será que não é certo que “Deus escreve certo por linhas tortas”?


Marcos Amado

sexta-feira, maio 11, 2007

Plim, Plim!


MENSAGEM ENVIADA À REDE GLOBO


Prezados Senhores,


Como cristão, gostaria de fazer constar a minha palavra de consternação e preocupação pelo destaque tão grande e favorável que a programação da Rede Globo tem dado a temas como espiritismo, bruxaria, magia, relações sexuais ilícitas e a cenas de sexo, inclusive em horários impróprios para menores.


Posso entender perfeitamente que um veículo de comunicação como a Rede Globo queira retratar a realidade da sociedade brasileira. No entanto, ao fazê-lo de uma forma tendenciosa, parcial, e sem mencionar os valores cristãos como o temor a Deus, a santidade do casamento e da família, a justiça, a pureza sexual, e tantos outros valores que (devemos sempre recordar) serviram de base para o desenvolvimento daquelas que hoje são as maiores potencias do ocidente, vocês não estão prestando nenhum serviço à sociedade brasileira, que tanto necessita de uma mensagem que ofereça esperança, uma ética elevada e paz com Deus.


Caso vocês queiram, sinceramente, refletir com mais exatidão a realidade brasileira, sugiro que incluam os valores defendidos por milhões de brasileiros, ou seja, os cristãos.


Sinceramente,


Marcos Amado

sexta-feira, abril 27, 2007

Até breve Líbano?


O Líbano certamente é um pais muito interessante e com grandes complexidades sociais. Um país cheio de historia, diferentes civilizações, culturas, idiomas, religiões e, principalmente, idéias. Idéias de como formar o país, de como regê-lo, de como mandar, de como fazer. Mas o que mais me surpreendeu é a vontade de querer seguir vivendo e trabalhando. Eles tem o coração forte e uma mente que não muda de idéia facilmente (às vezes nunca, e por isso tantos conflitos entre os diferentes grupos).

Vi que este país precisa passar por um processo de paz e entendimento, mas ainda mais importante, de perdão; perdoar o passado, os acontecimentos, as mortes, as matanças que ocorreram na guerra civil libanesa que durou muitos anos (1975 - 1990 !!!!) e que enfrentaram pessoas do mesmo bairro, ou outros bairros vizinhos, criando uma ferida que ainda não foi curada, já que muitos ainda não vêem que o perdão pode ser a solução para uma maior unificação do pais.


Outra coisa que notei é a grande divisão entre o cidadão “normal”, os políticos e os diplomatas. As pessoas perderam a confiança no governo e nos políticos por causa da corrupção, e estão se sentindo isolados e sufocados pelas decisões desses políticos (muitos deles foram os que causaram e lutaram na guerra civil), e isto não tem beneficiado o país. Parece ser que os políticos e os diplomatas (que tentam mudar as idéias dos políticos para uma melhor gestão do governo) se distanciam das pessoas e acham que elas só estão aí para obedecer, que são incultas e incapazes de entender a situação. Esta grande divisão entre os dois níveis no país causa grande instabilidade e mais barreiras que impedem uma verdadeira união da sociedade. Isto faz com que cada líder dos grupos religiosos ou seitas controlem melhor os seus seguidores, ditando-lhes o que devem fazer, incluindo o posicionamento que eles devem tomar ante outras pessoas ou decisões do governo.


O Líbano precisa de uma restauração genuína. Precisa de uma nova geração de políticos que não estiveram na guerra civil; o país precisa de um sistema educativo que ajuda as crianças e jovens a pensarem por si mesmos (isso e' muito controversial, pois há muitos grupos, tanto cristãos como muçulmanos, que não querem ver isso, pois dificulta o controle da população).


Nas duas semanas que passei no Líbano recebi muita informação e pontos de vistas que ainda preciso analisar, pensar e meditar, mas agradeço a Deus pela a oportunidade de ver, experimentar e escutar as pessoas, visitar diferentes partes do país e ver diferentes situações. Muito obrigado a todos pelas orações e apoio!


Filipe Amado

segunda-feira, abril 23, 2007

Entre os Chiitas e os Judeus: A Dura Realidade do Líbano


Oi de novo! Aqui estou, falando de Damur, ou pelo menos tentando escrever. Não tenho conseguido me conectar nestes últimos dois dias, pois tudo tem sido bem corrido. Ontem me reuni com um dos lideres dos Drusos (uma das divisões do Islã), Sheik Sami Abil Mona, e também diretor da IRFAN Schools, uma ONG que escolariza crianças com poucos recursos econômicos.. Pela tarde fomos a uma conferência de diálogo entre religiões onde temas como religião e politica, ou religião e o estado, foram discutidos, principalmente tendo em conta o complicado formato do governo Libanês, onde cada religião é representada no governo, num total de 18 religiões ou seitas. Isto causa alguns problemas e fricções entre as pessoas das diferentes religiões.

Toda a conferência foi em árabe mas por sorte eu pude levar um amigo meu que e' daqui, e ele nos traduziu do árabe para o inglês. Foram várias opiniões e posicionamentos interessantes, especialmente o posicionamento Chiita sobre um estado religioso, onde eles tomam como exemplo o Irã (os Chiitas que moram aqui no Líbano são fortemente influenciados pelo Irã e são a maioria da população no país, causando fricção e temor entre as pessoas das demais religiões dado ao seu extremismo e vontade de ter mais poder político). Esta manhã fomos à Fundação Imam Sadr, uma fundação Chiita que trabalha com crianças de todo tipo (especialmente órfãos que perderam seus pais neste ultimo conflito com Israel), oferecendo escolaridade, moradia, saúde e treinamento profissional. Esta fundação é uma tentativa genuína de ajudar a população de Tiro (onde eles estão localizados) e também no resto do Sul do Líbano.

Depois desta reunião, nos encontramos com Tekimiti Gilbert, Chefe de Operações das Nações Unidas, um homem encantador que nos explicou sua visão sobre o Sul do país, os Chiitas, Hezbollah e a situação politica. Ele esta coordenando a retirada de minas no sul do Líbano colocadas pelos Israelenses durante a guerra do verão passado. Ele mora na região há mais de dois anos. Este encontro foi muito interessante, pois foi totalmente “casual”. Encontramos uns escritórios montados pelas Nações Unidas e decidimos passar pela entrada e perguntar para os soldados se podíamos entrar e falar com alguém que trabalhasse com a ONU. Explicamos que estávamos fazendo parte de uma equipe de reconciliação que trabalha com vários projetos ao redor do mundo (Africa, Irlanda e Oriente Médio) trazendo uma maior união entre pessoas dos dois lados de um conflito. Eles nos deixaram entrar e pudemos ter uma boa conversa sobre a situação do Líbano e como era a visão dele para o futuro deste país. Foi verdadeiramente uma benção de Deus.

Tenho visto que Deus tem aberto muitas portas para conhecer muitas pessoas, conversar, e ter a chance de conhecer diferentes pontos de vista, tanto políticos como religiosos. Tem sido bom ver como o povo deste país e' extremamente forte e luta para se recuperar, tentando resgatar a economia e a esperança.

Parece que o que as pessoas realmente querem é poder viver em paz e, se possível, viver juntas. Existem tantos problemas que é muito difícil explicar tudo em um pequeno texto. No entanto, tenha este país nas suas orações. É o ÚNICO país em todo o Oriente Médio que VERDADEIRAMENTE aceita diferentes religiões, com grande liberdade de expressão. Este país é um exemplo para o Oriente Médio. Mas, tristemente, muitos países (do Oriente e do Ocidente) possuem agendas diferentes e querem usar o Líbano como o palco onde lutar as suas batalhas.

Filipe Amado

domingo, abril 15, 2007

Notícias do Filipe em Beirute


Finalmente cheguei! Estou numa pequena cidade ao norte de Beirute chamada Darmur, a uns 15 quilometros do centro de Beirute, hospedando-me com um equipe de misionários que trabalha aqui. Durante a minha estadia neste lugar estarei contatando varias pessoas para poder conversar e entrevistá-las para saber sobre o que acham da situação que o Líbano e o Oriente Médio está passando agora mesmo. Será interessante coletar informação e também conversar sobre projetos futuros, onde queremos mandar equipes para o Líbano para trabalhar com escolas e orfanatos.

O ambiente aqui é calmo, ainda se vê muitos tanques e soldados e se pode constatar os danos que o conflito entre Israel e Líbano deixou. Será bom conversar com as pessoas para ver qual e a opinião deles. Uma parte do centro da cidade esta fechada, um grupo de pessoas do Hezbollah está acampado no centro da cidade e está fazendo manifestacões, então o governo deixou mais cercou ao redor de onde eles estão. Questão de segurança......

Ainda é o meu primeiro dia aqui, cheguei ontem da Síria, uma experiência tremenda. Um país com muito caráter e muitas coisas que ver. Uma das coisas que me fizeram pensar foi ver o tamanho das antigas igrejas que ainda estão em pé dentro de Damasco. Fui visitar a igreja de São Paulo (perto da antiga entrada oriental para a cidade, onde a tradição diz que foi onde ele teve a visão de Jesus), depois dela, visitei a igreja Armena, e pensei: o que tem acontecido em tanto tempo que, antes, a igreja cristã, que crescia tão rápido e era um pilar dentro do Oriente Médio, está desaparecendo e quase tornando-se relíquias e somente museos para turistas. O que tem acontecido com a população cristã, que cada vez mais tem ido para outros países? Quando haverá uma restauração e um crescimento do cristianismo numa área que tem um legado tão fortemente cristão?


Filipe

terça-feira, fevereiro 27, 2007

A Fragrância do Conhecimento de Cristo

“E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento”. (II Coríntios 2 : 14)

Ainda me lembro de como, na minha adolescência, eu esperava com grande antecipação a chegada do fim de semana. Mas, não era por causa das baladas! Como tive o privilégio de nascer em um lar cristão, eu passava os fins de semanas na igreja juntamente com outros jovens, participando dos ensaios de grupos musicais, do coro, da reunião dos jovens e, obviamente, da pizza no sábado à noite com toda a turma.

No entanto, havia algo que me estarrecia: a possibilidade de, no domingo à tarde, ter que participar dos cultos ao ar livre que realizávamos nas praças públicas de diferentes bairros da zona sul de São Paulo. Fazíamos, na praça, tudo como se fosse um culto realizado dentro da igreja e, para completar, distribuíamos folhetos para os transeuntes. Além da “horrível” possibilidade de encontrar amigos não cristãos e, na segunda-feira na escola, ter que agüentar o escárnio dos mesmos, eu tinha a impressão de que testemunhar de Jesus para as pessoas era uma OBRIGAÇÃO, que tinha que ser realizada dentro de certos padrões tradicionais e, que quanto mais razões nós déssemos para as chacotas, melhor! Afinal, pensava eu, era o preço que tínhamos que pagar por sermos cristãos e fiéis testemunhas de Cristo.

Foi só com o passar dos anos, conforme fui adquirindo uma maior compreensão do evangelho, que pude entender que testemunhar Jesus para as pessoas não tinha que ser uma obrigação e tampouco tinha que assumir determinados padrões e formatos pré-definidos. Na verdade, é um privilégio que nós, cristãos, temos de manifestar a fragrância do conhecimento de Cristo, como um estilo de vida, presente em nós, em todo lugar e em todo tempo e não necessariamente em atividades especiais.

Aprendi que se vivermos uma vida santa (conforme o padrão apresentado em Levítico 19) que glorifique o nome de Cristo, o perfume que exalará de nós permitirá que nosso testemunho ocorra de forma natural: com os colegas de trabalho, com os familiares e amigos em casa, na escola, no supermercado, e por todos os lugares por onde passarmos.

Minha oração é que a fragrância do conhecimento de Cristo seja manifestada, cada vez mais, em todo lugar, inclusive nas ações mais rotineiras do nosso dia a dia.


Marcos Amado

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

O que aconteceu com a mensagem de Maomé?


Com muita freqüência, quando estou conversando com outras pessoas sobre o islamismo, elas perguntam qual é a minha opinião sobre o Alcorão, o livro sagrado muçulmano. Sempre tento explicar, da maneira mais sucinta possível, que, de acordo com a tradição muçulmana, o Alcorão é composto pelas revelações que Maomé recebeu, mais ou menos a partir do ano 610 d.C. e durante pouco mais de 20 anos, diretamente do Arcanjo Gabriel e no idioma Árabe. E qual o conteúdo desta mensagem? Bem, neste aspecto já fica bem mais difícil tentar oferecer uma explicação sucinta.

A mensagem do Alcorão é composta por passagens que falam da soberania e misericórdia de Allah, de que Deus é unico, assim como regulamentações sobre alimentação, comportamento social, etc. No entanto, o que mais me chama a atenção na mensagem deste livro, que tem causado um enorme impacto na vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, é que as passagens que foram recitadas por Maomé aos seus seguidores mais ou menos durante os primeiros 13 anos do seu “ministério” contêm uma mensagem que, em certos aspectos, é parecida com a que os cristãos encontram na Bíblia.

A Sura 1, por exemplo, diz:

No Nome de Deus, o misericordioso Senhor de misericórdia.
Louvado seja Deus,
o Senhor de todos os seres,
O misericordioso Senhor de misericórdia,
Senhor do Dia do julgamento.
A ti somente servimos e em ti somente
buscamos socorro.
Guia-nos através dos caminhos retos,
No caminho
daqueles cuja vida tu tens abençoado,
Cuja porção não é a sua ira, e que não
se perdem.
Provavelmente a maioria dos cristãos estaria de acordo que no texto acima não há nada que contrarie alguma doutrina bíblica. O mesmo poderia ser dito sobre várias passagens corânicas, recitadas por Maomé na cidade de Meca, durante os seus primeiros anos de atividade como profeta.

No entanto, quando ele fugiu para Medina, os textos proferidos aos seus seguidores tomaram um cunho bem mais rígido. Em vez de adoração e louvores a Deus, encontramos, na maioria das vezes, leis com diretrizes sobre o comportamento esperado dos seguidores de Maomé, assim como procedimentos de guerra e instruções sobre os castigos imputados aos pecadores.

Existem várias teorias sobre as razões que levaram Maomé a esta mudança no conteúdo da sua mensagem. Uma grande parte dos estudiosos acredita que a explicação mais plausível é a que a mensagem, a contrário do que acontecia na cidade de Meca, foi rapidamente aceita pelos habitantes de Medina. Lá Maomé foi reconhecido como líder religioso e político. Consequentemente, era necessária a promulgação de leis que ordenassem a vida da comunidade, incluindo aquelas as quais encorajam os fiéis a lutarem contra todos aqueles que se recusam a reconhecer que não existe outro Deus senão Allah, e que Maomé é o seu profeta.

Quando reflito sobre tudo isto, fico pensando como teria sido a história recente da humanidade se Maomé tivesse mantido a sua mensagem inicial que glorificava a Deus e reconhecia a sua misericórdia, o seu poder e a sua soberania, sem acrescentar as leis que surgiram durante o período que ele viveu em Medina.

O que você acha? Faria alguma diferença? Se tiver um tempinho, escreva a sua opinião!

Marcos