
O etnocentrismo é a crença (geralmente equivocada) de que minha cultura é preferível às demais. Isto não se dá somente em relação a países, pois muitas vezes mesmo entre os estados de uma mesma nação existe uma disputa etnocêntrica exacerbada. Meses atrás, quando alguns jovens de nossa igreja estavam preparando-se para um projeto evangelístico no Rio de Janeiro, alguns pais temiam autorizar a participação de seus filhos e filhas porque “o Rio é muito perigoso”.
O mesmo acontece quando o tema é o envio de missionários a países ou continentes geralmente vistos como perigosos. “Enviar o meu filho para a África? De jeito nenhum!” E se o país em questão porventura for algum país árabe, aí sim é dificílimo manter um diálogo sensato.
É bem possível que essas reações sejam nada mais do que as típicas reações etnocêntricas, pois, muitas vezes, tudo depende do ponto de vista.
Alguns dias atrás meu filho Filipe me recomendou a leitura de um artigo publicado no jornal britânico “The Guardian”. No meio de várias afirmações positivas sobre a atual situação econômica do nosso país, o jornalista Conor Foley menciou que “com uma media de 45 mil assassinatos anuais, não seria exagero afirmar que o Brasil está à beira de uma guerra civil social"[1]. Minha primeira reação, obviamente, foi de desacordo. Será que foi o meu etnocentrismo em ação?
Lendo a edição de 31 de Outubro de 2007 da revista Veja, deparei-me com um artigo do controvertido Diogo Mainardi em que ele afirma que “no Iraque é melhor [do que no Brasil]”. Para chegar a essa conclusão, ele se utilizou de uma informação simples e objetiva: se em 2006 foram cometidos quase 45 mil assassinatos no Brasil (uma média de 3750 mortes por mês), no Iraque (que há vários anos está vivendo uma guerra sangrenta), “apenas” 18.655 morreram como conseqüência da violência que assola o país (aproximadamente 1.555 por mês). E, para complicar ainda mais a comparação, no mês de outubro de 2007 o índice de mortes violentas no Iraque caiu para, aproximadamente, 600 por mês, enquanto no Brasil não houve, no mesmo período, mudanças significativas. Quer dizer, atualmente ocorrem mensalmente aproximadamente 3750 mortes violentas no Brasil (que supostamente não está em guerra), contra 600 no Iraque (que SIM está em guerra).
Considerando as estatísticas acima, se um amigo iraquiano nos escutasse dizendo que o Iraque é aqui, pode ser que ele se sentisse extremamente ofendido! Mesmo sabendo que todos temos algo de etnocêntrico, possivelmente não poderíamos recriminá-lo.
Deixemos que a voz de Deus, e não nosso etnocentrismo, tenha a última palavra sobre onde nossos filhos e filhas estarão cumprindo o propósito de Deus para suas vidas.
Marcos Amado
O mesmo acontece quando o tema é o envio de missionários a países ou continentes geralmente vistos como perigosos. “Enviar o meu filho para a África? De jeito nenhum!” E se o país em questão porventura for algum país árabe, aí sim é dificílimo manter um diálogo sensato.
É bem possível que essas reações sejam nada mais do que as típicas reações etnocêntricas, pois, muitas vezes, tudo depende do ponto de vista.
Alguns dias atrás meu filho Filipe me recomendou a leitura de um artigo publicado no jornal britânico “The Guardian”. No meio de várias afirmações positivas sobre a atual situação econômica do nosso país, o jornalista Conor Foley menciou que “com uma media de 45 mil assassinatos anuais, não seria exagero afirmar que o Brasil está à beira de uma guerra civil social"[1]. Minha primeira reação, obviamente, foi de desacordo. Será que foi o meu etnocentrismo em ação?
Lendo a edição de 31 de Outubro de 2007 da revista Veja, deparei-me com um artigo do controvertido Diogo Mainardi em que ele afirma que “no Iraque é melhor [do que no Brasil]”. Para chegar a essa conclusão, ele se utilizou de uma informação simples e objetiva: se em 2006 foram cometidos quase 45 mil assassinatos no Brasil (uma média de 3750 mortes por mês), no Iraque (que há vários anos está vivendo uma guerra sangrenta), “apenas” 18.655 morreram como conseqüência da violência que assola o país (aproximadamente 1.555 por mês). E, para complicar ainda mais a comparação, no mês de outubro de 2007 o índice de mortes violentas no Iraque caiu para, aproximadamente, 600 por mês, enquanto no Brasil não houve, no mesmo período, mudanças significativas. Quer dizer, atualmente ocorrem mensalmente aproximadamente 3750 mortes violentas no Brasil (que supostamente não está em guerra), contra 600 no Iraque (que SIM está em guerra).
Considerando as estatísticas acima, se um amigo iraquiano nos escutasse dizendo que o Iraque é aqui, pode ser que ele se sentisse extremamente ofendido! Mesmo sabendo que todos temos algo de etnocêntrico, possivelmente não poderíamos recriminá-lo.
Deixemos que a voz de Deus, e não nosso etnocentrismo, tenha a última palavra sobre onde nossos filhos e filhas estarão cumprindo o propósito de Deus para suas vidas.
Marcos Amado
[1] (http://commentisfree.guardian.co.uk/conor_foley/2007/08/bucking_the_trend_1.html).


2 comentários:
Nao acho que seja uma questao de etnocentrismo evangelico, mas sim brasileiro em geral, se perguntar para um brasileiro nao evangelico, ele teria a mesma resposta que o evangelico em questao de mandar seu filho/a para uma viajem humanitaria.
O trise e' o fato que os cristaos, que deveriam ser os que tem uma visao e um posicionamento alentador e encorajador (em relacao a missoes, ja que sendo aqui ou la, e' um mandato de Jesus), nao entendem a revelacao de Cristo na vida deles e para o mundo. Seguem tentando 'passar por cima' cualquer passagem da Biblia que os incomoda e os desafia, mas sao os primeiros a pular no trem do puritanismo e etnocentrismo ao julgar outras nacoes, paises e pessoas ao seu redor.
''Somos crentes, mas nao nos pessa levantar da nossa cadeira, acredito, mas sera que faco?"
Marcos,
Concordo com suas palavras sobre o etnocentrismo como isto interfere no nosso ouvir corretamente a voz de Deus.
Algumas pessoas jah me chamaram de louco por ir para aldeias indigenas. Eu prefiro encarar uma cobra a uma pessoa com uma arma.
Incutir uma nova mentalidade nos jovens eh um desafio.
Abracos,
Daniel Schimenes
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